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domingo, 19 de agosto de 2012

Educação Tradicional, com "método do Séc. XIX", fica em primeiro lugar no ENEM



Último Segundo -  Uma escola em tempo integral, com 153 anos de tradição, disciplina, participação das famílias, turmas de 30 alunos e só com meninos entre os estudantes. É por essa soma de fatores, na opinião da supervisora pedagógica Maria Elisa Penna Firme Pedrosa, que o Colégio de São Bento, no centro do Rio, vem consistentemente se mantendo entre os cinco primeiros do Brasil no ranking do Exame Nacional do Ensino Médio, criado em 2005. Este ano, a escola ficou na primeira colocação entre os estabelecimentos de ensino avaliados com mais de 75% de participação no exame.
A média total (redação e provas objetivas) do colégio foi de 761,7, bem acima da média dos alunos de todas as escolas (511,21) e da meta do Brasil para 2028, que é de 600 pontos.
“A quantidade de horas no tempo integral colabora na qualidade; quanto mais se estuda, mais se colabora para aprender. É como os atletas. Quanto mais se treina, melhor é o desempenho. Mas o nosso compromisso é com uma educação para a vida”, disse Maria Elisa.
Os alunos do São Bento têm aulas de inglês, francês e espanhol e contam ainda com disciplinas como História da Arte, Cultura Clássica, Apreciação Musical, Filosofia e Sociologia na grade convencional.
“Fazemos o feijão com arroz, temperado com disciplina”, opinou o coordenador do Ensino Médio, Pedro Araujo.
Maria Elisa considera que o fato de o colégio ser religioso também influencia positivamente o desempenho. “O aspecto religioso é essencial na formação do ser humano, nos aspectos ético, moral e de convivência. A disciplina é decorrência natural. Pode-se dizer que tem mais mito do que realidade no rigor, porque os alunos estão adequados e não há muita punição”, afirmou Maria Elisa.
Um episódio recente polêmico relacionado à disciplina na escola ocorreu em maio deste ano, quando umaluno de 6 anos foi agredido por outro, adolescente. O mais velho foi punido com suspensão. A família do menino mais novo o retirou do São Bento. “Foi uma opção da família. O caso está na Justiça”, afirmou Maria Elisa, para quem o São Bento tomou a decisão acertada.
Sob a justificativa da tradição de que não se mexe em time que está ganhando, o São Bento não pretende abrir mão de ter apenas alunos homens. “Funciona muito bem neste modelo e vai permanecer como está. Avaliamos que se abríssemos (a meninas), a escola seria outra, diferente. Não há intenção nem interesse. A escola continuará masculina”, afirmou Maria Elisa.
Os alunos apoiam. Perguntados pelo iG se gostariam de ter meninas entre as colegas, um grupo de sete ex-estudantes – que fizeram a prova do Enem 2010 – responderam com um sonoro “não”.
“Não sou a favor da entrada de meninas, e a maioria dos alunos pensa da mesma forma. Já é uma tradição, a essência do colégio é esta, não tem por que mudar. Além disso, em um colégio masculino, o laço de amizade é muito forte”, disse Pedro Pessôa Garcez de Aguiar, 18 anos, que cursa Direito na UFRJ.
Para o aluno de Direito na Uerj Luis Filipe Reis, 18, os alunos do São Bento têm o hábito de estudar. “Sempre fomos cobrados, mas não é uma pressão por resultados. O vestibular é onde culmina um processo de formação, não um ano de pressão.”
“Aqui nós desenvolvemos uma cultura que supera em muito o que vemos fora”, disse o estudante de Engenharia Naval Alan Patrício, 18 anos.
* * *
Método do primeiro colocado do Enem remete ao século 19, diz especialista da USP
UOL – Com uma mensalidade de até R$ 2.140 mil e recusando a matrícula de meninas, o Colégio São Bento, na capital fluminense, ficou pela quarta vez na primeira colocação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A prova é aplicada pelo Ministério da Educação e avalia o desempenho de estudantes da rede pública e privada em todo o país.
Administrado por monges beneditinos, o colégio ficou cerca de 300 pontos à frente do último colocado no estado – uma escola pública. A Supervisão Pedagógica atribui o bom resultado ao ambiente de ensino “com excelente professores” e à dedicação dos alunos, que têm aulas entre às 7h30 e às 16h30, durante a semana e, aos sábados pela manhã, longe de meninas.
No entanto, a receita de sucesso do São Bento, que só aceitou professoras na escola a partir da década de 1960, gera polêmica. Para a professora da Universidade de São Paulo (USP), Cláudia Vianna, especialista em gênero e educação, “não é possível desenvolver a personalidade integral do aluno onde há segregação”. Para ela, o método do São Bento remete ao século 19.
“É muito complicado dizer que a segregação garante qualidade. Vivemos num mundo misto que aliás, mostra que as meninas têm mais sucesso que os meninos. Que desenvolvimento é esse que só dá certo quando eu separo? Qual a mensagem que você passa? Como se propõe a prepará-los para o mundo que é misto? Que principio é esse que não trabalha com o heterogêneo?”, questionou.
A supervisora do São Bento, a professora Maria Eliza Penna Firme Pedrosa disse que aceitar meninas significaria alterar a identidade do colégio e isso não está nos planos. “Os alunos e os pais estão satisfeitos. Os meninos acham o ambiente confortável e não identificamos prejuízo nenhum, já que os rapazes podem conviver com as meninas na sociedade”.
Os alunos também não reclamam da jornada de estudos, da proibição do uso de adornos como piercings e acreditam que à dedicação os levará para as universidade públicas, como é o caso do estudante de odontologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Eduardo Maroun. Para ele, o São Bento ofereceu uma boa educação, com forte preocupação no caráter do aluno.
“Claro que as mulheres distraem um pouco os homens”, declarou. “Se você tem uma namorada no colégio, fica com ela no recreio, vai para aula pensando nela, normal para o ser humano. Mas o colégio não tendo isso, ele [o aluno] fica mais focado. Isso é positivo porque você pode ter contato com as garotas fora do colégio, no clube ou na faculdade”.
O Colégio São Bento funciona há mais de 150 anos e já teve entre seus alunos os compositores Heitor Villa-Lobos, Pinxinguinha e Noel Rosa, o teatrólogo João Procópio Ferreira, o jornalista Paulo Francis, e o escritor e humorista Jô Soares.

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